10 de nov. de 2007

Por que os Gays são Gays?

“Texto extraído da revista super interessante e adaptado por Philipe de Araujo.”


Atualmente uma das coisas que a ciência mais estuda é a origem da orientação sexual e nos últimos anos pesquisadores começam a apontar surpreendentes novidades aos estudos biológicos, apontando que a formação da sexualidade acontece antes do nascimento. Ainda não há comprovação, mas as evidências estão causando uma revolução no pensamento científico.
As tentativas de explicar a origem da homossexualidade vão desde a mitologia até a sociologia. No século 19, psiquiatras concluíram que ser gay era um transtorno mental causado por equívocos na criação da criança, mas se isso fosse realmente verdade, então seria possível evitar ou até reverter quadros homossexuais. Ao perceberem o fracasso total dessas terapias de “cura”, em 1973, a Associação Psiquiátrica Americana achou melhor retirar de sua lista de distúrbios mentais a atração de pessoas do mesmo sexo. Após isso o termo mudou de nome: homossexualismo deu lugar à homossexualidade (porque o sufixo “ismo” denota doença). A partir disso os cientistas perceberam que ser gay é uma variação absolutamente natural do comportamento humano.
No ano de 1991 o neurocientista anglo-americano Simon Levay, gay declarado, revelou ter encontrado diferenças em cérebros de homens gays e héteros. Levay pesquisou o hipotálamo, parte que mexe coma sexualidade no cérebro, descobrindo que a região chamada INAH-3 era entre 2 e 3 vezes menor nos gays. Mas pela maioria dos gays do estudo terem morrido de AIDS, não se sabe direito se essa mudança foi decorrente da doença.
Em 1993 Dean Hamer, do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, percebeu que existem mais gays do lado materno do que do lado paterno. A descoberta o atraiu para o cromossomo X (mulheres têm dois cromossomos X e os homens têm um X e um Y). Usando um scâner, Hamer viu que uma região do cromossomo X, a x928, era idêntica em muitos irmãos gays. O que ele descobriu não foi propriamente um único gene gay, mas uma tira de DNA transmitida por inteiro.
Outro fato é o desenvolvimento do feto ainda no útero, que vem sendo muito pesquisado, sendo uma delas a teoria dos hormônios pré-natais. A idéia é que os hormônios sexuais masculinos (andrógenos) se conectam as partes responsáveis pelos desejos sexuais no cérebro e influenciam seu crescimento, tornando o cérebro mais tipicamente masculino ou feminino. A conexão dependeria das proteínas receptoras de andrógenos (AR, na sigla em inglês). Imagine que cada célula do cérebro seja uma casa. As ARs funcionariam como o portão dessas casas, que controla a entrada de pessoas. Sabe-se que a quantidade e a localização desses portões são diferentes nos homens e nas mulheres. Cientistas já constataram que o hipotálamo masculino tem mais ARs que o feminino.
Essa teoria supõe que a homossexualidade no s homens é causada por “portões” que restringem a entrada de andrógenos nas regiões responsáveis pela sexualidade, formando um cérebro submasculinizado, já nas mulheres, esse “portões” facilitam a entrada, construindo uma estrutura supermasculinizada. Tudo conseqüência do nº de ARs de cada feto.
Em todo caso, as pistas da ação dos hormônios pré-natais estão por todo lado. Na nossa mão, geralmente homens têm o dedo indicador um pouco menor que o anular, enquanto nas mulheres o comprimento costuma ser igual, assim, como nos gays. Richard Lippa, da Universidade Estadual da Califórnia, notou que essa diferença no tamanho dos dedos tende a ser maior nos gays do que nos héteros, já Dennis McFadden, da Universidade do Texas, observou que as lésbicas têm uma sensibilidade menor ao som do que héteros.
O novo desafio nas pesquisas é entender a origem de outro fenômeno: a existência de irmãos mais velhos parece afetar a sexualidade dos mais novos. È o chamado “efeito big brother”. A canadense Ray Blanchard acompanhou sete mil pessoas e viu que a maioria dos gays nasce após irmãos homens e heterossexuais. Ele calculou que cada irmão mais velho aumenta em 33% a possibilidade de o menor ser gay. Um garoto com três irmãos mais velhos têm maior possibilidade de ser gay do que um filho único. Ter irmãs mais velhas não altera a probabilidade do mais novo ser gay.
O nº de gays não é maior em lares chefiados por mulheres nem entre filhos criados por casai homossexuais. Nem mesmo o que Sigmund Freud disse tem sustentação cientifica. O pai da psicanálise dizia que filhos se tornariam gays por causa de mães superprotetoras e por pais ausentes. Freud possivelmente enxergou uma conseqüência: a superproteção da mãe não seria a causa do filho se tornar homossexual e sim o rejeitamento do pai por se comportar, desde cedo, de maneira feminina.
Um menino que gosta de luta, futebol e esportes competitivos tipicamente masculino conviverá com pessoas que gostam das mesmas coisas. Outro garoto que prefere bonecas e socialização mais calma se envolverá com meninas que gostam de Barbie. Para esse garoto que convive com amiguinhas e brinca de bonecas, a figura exótica que o despertará sexualmente será um menino. No caso de meninas gays a história se inverte.
Tudo indica que a homossexualidade contem três fatores: Biológicos, psicológicos e sociais, mesmo que esses dois últimos ainda precisem de mais evidência.

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